Renata Brunetti é doutora em Psicologia Social pela PUC-SP. Atuou desde 1996 como consultora em captação de recursos em diversas organizações sociais. É conselheira do Instituto GMK e embaixadora do Instituto Horas da Vida. Faz parte da rede associados do ICE, que tem como missão articular líderes transformadores no desenvolvimento de iniciativas que potencializam impacto social positivo na população de baixa renda. Fundadora e idealizadora do Change for Good e autora do livro “O poder do consumo: suas escolhas diárias mudam o mundo”. 

“Foi por volta dos meus 35 anos, depois de cursar uma faculdade, um casamento, dois filhos (maravilhosos por sinal) e uma profissão estável, que refleti mais fortemente sobre minha atuação no mundo.

Nasci inconformada com as diferenças sociais. Desde criança me via tentando entender o que fez com que eu nascesse numa família estruturada e estável financeiramente, enquanto outras crianças tão parecidas comigo fossem totalmente desprovidas de uma estrutura social e financeira. Trabalhei durante anos com design e arquitetura de interiores, até que resolvi buscar um trabalho que atendesse às minhas inquietações de criança.

O Brasil dos anos 90 estava dando os primeiros passos para uma participação mais efetiva junto às questões sociais. No intuito de me envolver profissionalmente com essas questões que desde cedo me tocavam, voltei a estudar. Fiz cursos de gestão de ONGs e de captação de recursos no Brasil e nos Estados Unidos, fiz mestrado e doutorado em psicologia social na PUC/SP, MBA em Gestão em Empreendedorismo Social na FIA/FEA/USP e “Fund Raising Management” pela Indiana University – USA.

Em 1996 fundei a “Atuação”. Num primeiro momento, o meu foco foi fortalecer as organizações sociais em captação de recursos através de consultorias, cursos e palestras. Até 2003 fui consultora voluntária e remunerada para diversas organizações sociais: Aldeia do Futuro, Promove, Graacc. Atuei também como palestrante em cursos sobre captação de recursos na FOS, CEATS/FIA e FGV entre outras.

Depois, reconhecendo a riqueza de trazer conhecimentos complementares ao meu trabalho, fui criando diferentes arranjos (sociedades e parcerias) para oferecer consultorias mais robustas que somavam gestão, comunicação e aspectos legais à captação de recursos. Nesse período, desenvolvemos consultorias para o Hospital Sírio Libanês, Carpe Diem, Santa Fé, Quixote, Apae de São Paulo, Obra do Berço, entre outras. E coordenamos cursos, ministramos aulas e palestras em diversas instituições de ensino, entre elas: FGV-EAESP, PESC-FEA-USP, CEATS/FIA, PUC/SP, Senac.

A partir de 2010, depois de eu ter presenciado um grande amadurecimento da nossa sociedade para sua responsabilidade social (o surgimento de programas de estímulo à cultura de doar; o surgimento de várias fundações e institutos corporativos promovendo institucionalmente programas sociais e ambientais), depois de ter participado da criação de uma associação de captadores de recursos e de ter assistido o nascimento de várias organizações de fomento e aceleradoras, senti que o trabalho de fortalecer as iniciativas sociais já contava com vários atores e eu poderia redirecionar o meu foco de trabalho.

Nessa época o Brasil já estava conhecendo um novo formato de atuar em questões sociais e ambientais — os negócios sociais. Foi esse o meu novo foco de trabalho, que em parceria com organizações como Ashoka, Artemisia, Instituto Azzi e Zoé Inova desenvolvemos, para a FGV-SP, a atividade complementar “Novos Modelos de Negócios”. Também em parceria com a Zoé Inova desenvolvemos o 4changeLab, que eram workshops focados em inovação social e entre outras coisas, objetiva impulsionar ONGs a abrirem um canal de geração de receita. Para fechar a etapa focada na captação de recursos Célia Cruz e eu criamos um curso online de captação de recursos para organizações sociais. Disponibilizados gratuitamente na internet o “4 Etapas da Captação”, que foi a semente do que é hoje a Captamos – plataforma on line com o mesmo foco.

No final de 2016, inspirada por assistir nas manifestações de rua um brasileiro mais comprometido e consciente, somado à uma oportunidade oferecida por João Luiz Borges – diretor da Overmedia e na época diretor de produção de uma rede de televisão, que também tinha o “sonho” de ajudar a melhorar o mundo usando os espaços disponíveis na sua grade de programação para apresentar iniciativas socioambientais e inspiradoras, decidi focar minhas atividades em mobilização e comunicação para transformação social.”

Desde 2019 vem se dedicando ao Change for Good em parceria com Renata Calmon Figueiredo e Juliana Rosa.

Produções Acadêmicas

“A ESCUTA DO “MUNDO DA VIDA” NA CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE EMANCIPATÓRIA” – TESE DE DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL NA PUC-SP – 2007

A tese procura pensar a capacidade do empreendedor social, ligado a organização internacional Ashoka, em escutar os apelos das comunidades carentes que atuam e depois construir soluções conjuntas a partir da valorização dos saberes e cultura dessas comunidades. Foram entrevistados durante as pesquisas Daniel Becker do Cedaps, José Pereira de Oliveira Junior do AfroReggae, Vera Cordeiro do Saúde Criança e Jaílson de Souza e Silva do Observatório das Favelas.

“A NOVIDADE INSCRITA NO AGIR DESSES POLIGLOTAS DO SOCIAL” – VÍDEO PRODUZIDO PARA DEFESA DA TESE DE DOUTORADO 2007

O vídeo traz uns recortes da história dos quatro Empreendedores Sociais da Ashoka – Daniel Becker do Cedaps, José Pereira de Oliveira Junior do AfroReggae, Vera Cordeiro do Saúde Criança e Jaílson de Souza e Silva do Observatório das Favelas – que foram entrevistados durante para as pesquisas para a elaboração da tese de doutorado.

“O CAPTADOR DE RECURSOS: UM NOVO PERSONAGEM NA CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE EMANCIPATÓRIA” – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL NA PUC-SP – 2003

A dissertação analisa o processo de constituição da identidade do captador de recursos no Brasil e localiza possibilidades desses profissionais contribuírem (ou não) para a emancipação da sociedade e para sua própria emancipação pessoal.

“CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO CONE SUL” – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA NEW DIRECTIONS FOR PHILANTHROPIC FUNDRAISING PATROCINADA PELO CENTER ON PHILANTHROPY AT INDIANA UNIVERSITY E ASSOCIATION OF FUNDRAISING PROFESSIONALS – AFP, 2004

Em “captação de recursos no cone sul” Daniel Yoffe e Renata Brunetti apresentam um paralelo entre os caminhos da captação de recursos na Argentina e Brasil, apontando algumas mudanças nos aspectos políticos e sociais dessas comunidades.

“A METODOLOGIA DA ASHOKA COMO FERRAMENTA DE FOMENTO AO EMPREENDEDORISMO E À TRANSFORMAÇÃO SOCIAL” – GLOBAL FORUM AMÉRICA LATINA 2009

O artigo oferece um olhar sobre as perspectivas de uma metodologia de fomento ao empreendedorismo na transformação social. Nele, são discutidas diferentes posições ocupadas pelo indivíduo na sociedade dentro de uma linha do tempo e é descrita a metodologia da Ashoka de fomento a esta forma de protagonismo, seguida de alguns exemplos, três chaves conceituais são apresentadas, ancoradas na proposta de re-valorização do “mundo da vida” e na lógica da solidariedade de Jürgen Habermas.

“ALIANÇAS INTERSETORIAIS: AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO – ESTUDO DE CASO” – MBA GESTÃO E EMPREENDEDORISMO SOCIAL NA FIA-FEA/USP

Trabalho de Conclusão do Curso desenvolvido por Renata Brunetti, Tamara Czeresnia, Maria Luiza de Jesus Crociquia e Christiane Nista – 2005. O estudo mostra a relevância de se criar mecanismos de avaliação e monitoramento de projetos sociais desenvolvidos em parcerias com diferentes setores da sociedade – alianças intersetoriais e aponta que essas avaliações devem ser feitas tanto no âmbito do projeto em si, como em relação ao processo de parceria.

“QUEM É O CAPTADOR DE RECURSOS?” – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA INTEGRAÇÃO 2004

O presente artigo foi produzido a partir da dissertação de Mestrado em Psicologia Social na PUC-SP e apresenta a visão sobre as oportunidades do captador de recursos colaborar de forma mais significativa para a constituição de uma sociedade mais justa. O captador de recursos como mediador das relações entre as empresas sociais e seus parceiros e colaboradores.

“EU CONSUMO, LOGO EXISTO – SERIA ESSE UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO?” – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA DO TERCEIRO SETOR – INTEGRAÇÃO – DO CENTRO DE ESTUDOS DO TERCEIRO SETOR DA EAESP/FGVSP EM OUTUBRO DE 2005

O artigo oferece uma reflexão sobre as condutas que estão sendo tomadas em relação a população que ocupa a chamada “base da pirâmide”. No artigo os autores pretendem salientar a importante diferença entre desenvolver produtos que atendam as necessidades dessa comunidade e a preocupação em “aproveitá-los” como novos consumidores.

“CAPTAÇÃO DE RECURSOS, UMA ATIVIDADE EM QUE SE CRIA E SE COPIA” – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA FILANTROPIA EM 2008

Um artigo em que se aponta que a prática da captação de recursos envolve processos, técnicas e pessoas.

“O CAPTADOR DE RECURSOS: UM NOVO PERSONAGEM NA CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE EMANCIPATÓRIA”. PUBLICADO NA REVISTA FILANTROPIA 2004. ARTIGO PRODUZIDO A PARTIR DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.

Esse artigo retoma a reflexão de que o captador de recursos (como cada um de nós como membros de uma sociedade) pode interferir no processo de regulação social e que cidadania e responsabilidade social podem ser ensinadas, promovidas.

“A FORMA DE REMUNERAÇÃO MAIS EFICIENTE PARA O CAPTADOR DE RECURSOS” – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA DO TERCEIRO SETOR – INTEGRAÇÃO – DO CENTRO DE ESTUDOS DO TERCEIRO SETOR DA EAESP/FGVSP EM NOVEMBRO DE 2004.

O artigo desenvolvido a partir das linhas diretrizes da The Fund Raising School do Centro de Filantropia da Universidade de Indiana nos Estados Unidos tem a intenção de colaborar para o esclarecimento das melhores práticas em relação remuneração dos captadores de recursos para organizações da sociedade civil.

“EVENTOS ESPECIAIS: UMA DAS MUITAS ESTRATÉGIAS PARA SE CAPTAR RECURSOS. SERÁ QUE É SÓ ISSO?” ARTIGO – PUBLICADO NA REVISTA ELETRÔNICA DO TERCEIRO SETOR – INTEGRAÇÃO – DO CENTRO DE ESTUDOS DO TERCEIRO SETOR DA EAESP/FGVSP – EVENTOS ESPECIAIS 2002.

Eventos especiais pode se ser uma das estratégias mais desgastantes para se captar recursos, porém vale lembrar que ela abre muitas outras possibilidades.