Consciência é acima de tudo responsabilidade

Ao longo da minha jornada de trabalho ao lado de empresas de impacto positivo, eu conheci muitas pessoas interessantes, cujas histórias são inspiradoras e emocionantes. São 25 anos colecionando amigos muito especiais nessa caminhada – às vezes tão tortuosa – em busca de um mundo mais justo, equilibrado e respeitoso com as pessoas, os animais e o meio-ambiente.
Há alguns anos, eu conheci dois desses seres iluminados que provocam a gente a se tornar um ser humano melhor e nos tornamos amigos: Gonzalo Muñoz e Daniela Lerario. Eles me contaram suas histórias, que me marcaram bastante. Gonzalo fundou a empresa TriCiclos e a Daniela era diretora da empresa no Brasil quando nos conhecemos. A TriCiclos é uma empresa que nasceu no Chile com a finalidade de corrigir a geração de lixo, entendida como um erro de design. Uma dupla super alinhada principalmente nos valores e buscas para um mundo melhor.
O que mais me marcou nas histórias que eles me contaram é que antes de fundar a Triciclos, Gonzalo era um executivo muito bem sucedido que sempre sentia uma inquietação dentro de si com as questões relacionadas a sustentabilidade, especialmente em relação à produção de lixo. Mas, por ironia da vida, ele trabalhava com algo que estava na contramão do seu sentimento de um mundo mais sustentável e equilibrado socialmente. Um dia, ele percebeu que, para continuar sendo bem sucedido no mundo corporativo, tinha que deixar sua alma em casa. E sua alma estava muito machucada.
Até então, eu nunca tinha me atentado para a gravidade desse tipo de situação. Quantas pessoas não precisam deixar suas almas em casa para serem bem sucedidas no mundo corporativo? Imaginem o que isso significa na saúde mental e física de uma pessoa? Essas situações me fazem refletir muito sobre nosso propósito e nosso estilo de vida.
Foi então que ele decidiu mudar completamente sua vida, e pelo que entendi, a Dani também foi tocada por esse exemplo do Gonzalo, embora ela seja bióloga de formação e desde cedo é uma apaixonada pelo meio ambiente.
Essas decisões não são fáceis, mas, às vezes, necessárias. Ele abandonou a carreira corporativa para criar a TriCiclos, em 2009, que atualmente conta com escritórios no Chile e no Brasil e que foi a primeira a conquistar o selo de Empresa B na América Latina. A TriCiclos cria soluções para combater a geração de resíduos antes que sejam projetados e produzidos para garantir que tenham um destino circular, de reutilização e reciclagem, evitando a contaminação do meio ambiente.
Pensando em todas as conversas que tive com eles e nas histórias do Gonzalo e Dani, me vem à mente a frase do filósofo francês Jean-Paul Sarte: “Consciência é acima de tudo responsabilidade.” Quanto mais penso sobre essa frase, mais insights ela me traz e mais verdadeira ela se torna. A partir do momento que nos deparamos com determinada informação, adquirimos, também, responsabilidades sobre ela. É algo muito parecido com que eu sempre escrevo nos meus textos (me desculpem pela repetição! ), mas de forma muito sincera: a partir do momento que tomamos consciência sobre certas coisas, nos tornamos responsáveis pelo que decidimos fazer e, também, pelo que decidimos não fazer.
Essa responsabilidade paira sobre absolutamente tudo. Desde a nossa responsabilidade enquanto consumidor de escolher aquilo que a gente acha que comunga com o que queremos do mundo, passando pelas nossas escolhas alimentares, sobre nosso estilo de vida e sobre a qualidade de como usufruímos do nosso tempo.
Na medida do possível, é importante fazermos adaptações e mudanças na nossa rotina e no nosso estilo de vida para diminuirmos as nossas pegadas ecológicas ( clique aqui para ver uma seleção de conteúdos que preparamos sobre esse assunto – No YouTube ou no Instagram) e, dessa forma, encontrarmos um equilíbrio maior entre nossa existência e o meio ambiente.
Para mim, Gonzalo e Dani são exemplos vivos e corajosos da frase de Sartre: precisamos encarar a nossa responsabilidade sobre nossas ações e, também, sobre nossas omissões. Afinal, a partir do momento que tomamos consciência dos problemas nos tornamos responsáveis pela solução ou pela continuidade dos mesmos. E agora? Como desejamos viver? Como queremos trilhar nossa vida? O que é realmente importante para nós? São perguntas difíceis e nem sempre confortáveis – acho que, até, angustiantes. Mas, precisamos encarar o desafio. Se concordarmos em fazer essa esforço coletivamente, nos sentiremos mais fortes e conquistaremos as mudanças de forma mais rápida. Está nas nossas mãos fazer essa escolha.

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