Pílulas de Inspiração – Uma reflexão sobre Sustentabilidade

Vivemos num momento paradoxal da nossa existência. Nos últimos séculos, criamos, inventamos e fizemos enormes saltos no nosso modo de vida, principalmente nos saberes tecnológicos. Porém, todo esse conjunto tão sofisticado de desenvolvimento e forma de viver tem cobrado um preço bastante caro para todos nós: seres humanos, animais e natureza. Nós criamos uma forma de estar no mundo, enquanto sociedade, que provoca desigualdades, destruição e danos – alguns deles, talvez irreversíveis.
Todos nós, enquanto sociedade e individualmente, precisamos modificar nossos hábitos para encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento e respeito aos outros seres vivos e à natureza. Isso é a sustentabilidade. Por mais difícil que seja, eu realmente acredito que nós temos total condições de transformar e modificar nossos hábitos – já que esses hábitos foram criados por nós mesmos, certo?

Partindo desse pressuposto – que nós temos total condições de transformar nossas vidas e tudo ao nosso redor – fizemos, em 2017, um projeto do qual me orgulho muito. Chamado de Pílulas de Inspiração, produzimos vídeos curtinhos pela minha empresa, Atuação no Mundo, com a ajuda de pessoas incríveis que trabalharam de forma voluntária pelo projeto. Os vídeos foram produzidos pela querida Juliana Borgez, que com uma sensibilidade ímpar tocou com delicadeza num tema muito presente no nosso dia a dia e que poucos de nós já se deram conta. Esses vídeos tiveram seus roteiros produzidos por Marcelo Gavini de Freitas. E outras pessoas como Nelma Zero, Nathalia Petrovich e Ana Carolina Machado também colaboraram bastante.

Para esse projeto, fizemos três vídeos com dicas sobre reciclagem dadas pelas pessoas que trabalham diretamente com o “”lixo””. Os vídeos estão disponíveis no nosso canal do youtube (https://www.youtube.com/playlist?list=PLPcQ7RTTPVpsLd7l0XTklTOv6G9Bw5Vug).
Super recomendo ver esses vídeos, pois de uma forma super leve eles nos fazem entender um pouco do que acontece depois que colocamos nosso  lixo reciclável na lata de lixo da cor certa em nossas casas ou num ponto de coleta. O percurso para reciclagem é longo e são tantas as  variáveis no meio desse caminho que se entendermos um pouco melhor, poderemos ajudar de muitas maneiras: desde evitar machucar os catadores até  fazer com que aquela embalagem – que tem potencial para ser reciclada – não vá para um lixão comum.  Alguns deles são explicados nos vídeos e, para aqueles que querem se aprofundar no assunto, eu sugiro acompanhar o trabalho das  empresas B Triciclos e Eu Reciclo.

Além da dificuldade na reciclagem em si, esses vídeos me emocionaram pois trouxeram, também, as histórias das pessoas por trás da reciclagem. Quem são elas? Como elas trabalham e como encaram o “”lixo””? Esses trabalhadores estão representados pela Dona Dulce, a personagem principal dessa série, uma pessoa incrível, forte e com um entendimento do que deveria ser nosso papel no mundo melhor do que muitos de nós. Dona Dulce trabalha numa cooperativa de catadores de lixo e explica, nos vídeos, sobre seu trabalho. Há uma reflexão importante na fala da Dona Dulce: o respeito ao trabalho dos catadores de lixo.

Desde que vi esses vídeos mudei completamente meu olhar e meu sentimento em relação aos catadores e a importância do trabalho que fazem. Passei a me preocupar com a forma de preparar o meu lixo reciclável, para que ele chegue ao lugar certo e sem “”ferir”” ninguém no caminho. Até ver esses vídeos, honestamente falando, quando embalava um vidro quebrado, pensava em embalar de forma que não furasse o saco de lixo, e nunca tinha pensado que ele poderia cortar a mão de alguém… Fiquei chocada comigo…  mas ao mesmo tempo feliz em ter aprendido mais uma coisa simples e fácil de se fazer.  Eu entendi que seria melhor e mais justo que tivéssemos empatia com esses homens e mulheres que não só fazem um trabalho importante para todos nós, como o fazem em condições precárias e, muitas vezes, subumanas.

Eu só posso agradecer pelo aprendizado que tive com a Dona Dulce e entender que essas pessoas fazem um trabalho extremamente importante e valioso para a sociedade como um todo e que elas merecem o nosso respeito. Assim como é  importante estarmos abertos a escutar histórias de outras pessoas, principalmente daquelas que vivem uma vida muito diferente da nossa. Só assim construiremos a empatia necessária para uma vida em maior harmonia, em que possamos conviver melhor.
Início do ano sempre é bom refletirmos sobre essas questões. Vamos fazer diferente em 2020? O que você acha?

Quer conhecer mais sobre o nosso trabalho?
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